O drama do trabalho infantil, onde crianças e adolescentes são levadas a trocarem a infância e escola pela necessidade de ajudarem a sustentar as famílias, será retratado nesta quinta-feira (6), na peça teatral “A Menina Que Queria Existir”, a ser encenada a partir das 19 horas no Centro Cultural de Montes Claros. A peça foi escrita pela psicóloga diamantinense Cláudia Gislene Rocha Fonseca, coordenadora do Centro de Referência de Assistência Social do Maracanã (CRAS Maracanã), e dirigida por William Ferreira e Samir Ribeiro. O elenco é formado por atores voluntários de diversas profissões, alguns com experiência artística, formados em artes na Unimontes.
A coordenadora do CRAS Maracanã, Cláudia Gislene Rocha Fonseca explica que, diante da discussão aberta pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social em realizar a campanha de prevenção do trabalho infantil, teve a ideia de escrever uma peça, pois entende que, além dos debates, é preciso causar impacto para despertar a população. Foi assim que ela criou a personagem da Menina, que ao nascer provocou a morte da mãe, enquanto o pai tinha saído de casa para buscar emprego em outra cidade. Ela acabou sendo assumida pela tia, por imposição do Conselho Tutelar. Assim começa o drama da Menina, que teve a sua infância negada e retirado o direito de frequentar a escola, sendo obrigada a assumir o peso das intermináveis tarefas domésticas.
A autora explica que viveu toda sua infância no então distrito de Pires e Albuquerque, hoje conhecido como Alto Belo, na zona rural de Bocaiuva, onde morou a família materna. Depois veio para Montes Claros. Cláudia Gislene Rocha afirma que o Norte de Minas sempre foi um dos maiores produtores e fornecedor de domésticas no Brasil, por sua aproximação com o Sudeste. Isso a estimulou a provocar uma reflexão sobre o tema.
Para causar reflexão e maior impacto sobre o trabalho infantil, na quinta-feira às 11 horas, será realizada pequena encenação na praça Doutor Carlos, onde uma simulação mostrará crianças sendo exploradas. “Não adianta camuflarmos essa triste realidade, pois existem ainda várias crianças e adolescentes sendo exploradas. Seja nas esquinas das principais avenidas, vendendo balas, frutas e outras coisas; ou mesmo vivendo como domésticas nas casas. Temos que erradicar essa praga” – explica a psicóloga e coordenadora do CRAS Maracanã.
Ela comemora o resultado da peça teatral: “Tive a felicidade de encontrar um diretor como William Ferreira e um grupo de atores voluntários que compreenderam o propósito da peça. Quem for assistir sairá do local com a certeza que podemos mudar essa realidade. Faremos essa peça para buscar o Prêmio Nacional do Ministério Público em 2020, pois ela é inédita no Brasil” – conclui.